Falta de orientação faz com que famílias invistam mais em consumo do que em educação

Falta de orientação faz com que famílias invistam mais em consumo do que em educação

Atitude pode causar falta de profissionais, diz professor

O Brasil vive um momento econômico único em sua história. O aquecimento econômico do país, junto com a facilidade para se obter crédito e o aumento salarial proporcionado a diversas categorias, possibilitou o acesso de diversas famílias a bens antes inatingíveis.

Mas ao mesmo tempo que esta situação facilita o acesso ao financiamento de imóveis, veículos, eletrodomésticos e eletroeletrônicos, surge também um novo problema: a dificuldade de muitas famílias em definir suas prioridades econômicas quanto a gastos e investimentos.

Uma pesquisa divulgada na quinta-feira, 19, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostrou que quando trata-se das intenções de consumo das famílias paulistanas, o investimento em educação aparece apenas em quarto lugar, atrás de lazer, saúde e eletrônicos/eletrodomésticos.

Ou seja, apesar dos recursos financeiros necessários para se pagar uma Faculdade serem cada vez maiores, sem contar os diversos programas de incentivo e de financiamento ao ensino superior, muitas famílias preferem adquirir bens do que investir em qualificação profissional.

Consequências.
Para o diretor da Faculdade Reges de Osvaldo Cruz, professor Jayme Gonzaga, este cenário é preocupante.

“A consequência mais imediata é a estagnação do nível de qualificação das pessoas e a diminuição na Região de profissionais com qualificação e capazes de assumir funções de média e alta responsabilidade”, revela.

Para o diretor já existe uma crise na oferta desses profissionais. Grande parte dos profissionais que ocupam funções de liderança nas empresas da Região estão prestes a se aposentar sem que uma nova geração esteja capacitada para substituí-los. A consequência desta crise seria a necessidade de importar profissionais mais caros e de outras Regiões para ocupar estes cargos.

“O ganho maior das famílias de nossa Região, que poderia ser investido em educação, preparo e qualificação, está fazendo com que as pessoas se endividem ainda mais, por conta de outras escolhas. Esta demanda pelo consumo de bens e produtos diversos chegou a níveis muito preocupantes, o que demonstra análises totalmente inadequadas quanto a prioridades de investimentos”, alerta o professor.

Ações.
Madalena Deodato Alves, vice-diretora de uma escola pública da cidade, confirma que muitos jovens que concluem o ensino médio não ingressam no ensino superior por não conseguirem se manter financeiramente no curso.

“Nós realizamos palestras com orientação sobre diversas Faculdades e seus incentivos, na tentativa de impulsionar o aluno para aprimorar os estudos. Porém, existem alunos que não estão interessados nos estudos e querem apenas continuar trabalhando”, revela a vice-diretora.

Para o diretor da Faculdade Reges de Osvaldo Cruz é exatamente na orientação, em um primeiro momento, que deve ser melhorado o trabalho das escolas. De acordo com o professor Jayme, é preciso a realização de um trabalho conjunto de conscientização sobre como organizar e definir prioridades para este dinheiro extra que está chegando, inclusive com o convite aos pais dos alunos para estes participarem das discussões.

“A sociedade precisa transformar esse ganho a mais em oportunidades de investimento em educação, investimento na obtenção de uma melhor cultura e qualificação profissional, para que tenhamos uma sociedade com maior potencial de contribuir para o desenvolvimento da Região”, afirma.

“Tais providências poderão ajudar a evitar escassez da mão de obra qualificada e também a direcionar uma série de jovens a um futuro mais promissor, mais próspero e abundante quanto à carreira profissional. Só assim poderemos modificar esta crise que, para mim, já está instaurada”, finaliza.